sábado, 13 de março de 2010

Quem foi D. Afonso IV?

D. Afonso IV (Coimbra ou Lisboa, 8 de Fevereiro de 1290 – Lisboa, 8 de Maio de 1357) – O bravo – foi o sétimo Rei de Portugal, reinando de 1325 a 1357.

Não há certezas sobre se nasceu em Coimbra ou Lisboa, contudo é mais provável que tenha nascido em Coimbra devido à estadia da corte, nesta cidade, por altura do seu nascimento.

Filho de D. Dinis e D. Isabel de Aragão, teve uma irmã – D. Constança – fruto de ligação legítima. Todavia, devido a alguns casos de infidelidade do Rei, teve outros irmãos bastardos com os quais, nem sempre, teve uma relação tranquila.
O caso mais flagrante, foi com o seu meio-irmão D. Afonso Sanches. D. Afonso IV não gostava da relação de grande proximidade existente entre o seu pai e o seu irmão bastardo e temia que D. Dinis pudesse entregar o trono a este, caso que não se verificou.
Ainda assim, entre 1319 e 1324, houve uma guerra civil que opôs pai e filho.
Em 7 de Janeiro de 1325, D. Dinis morre e D. Afonso IV sucede a seu pai.

Segundo Esteves, Julieta (2009), D. Afonso IV "seria, como veio a dar provas, arisco, de feitio rebelde e independente, talvez pouco sabendo de amores familiares, mas, em contrapartida, sabendo odiar. A Crónica de Portugal de 1419 apresenta D. Afonso como um infante inconformado e desobediente a seu pai, acentuando esses procedimentos para os anos de 1317 a 1324, quando o Rei D. Dinis se encontrava já enfermo e se aproximava da morte."

A sua governação, como aqui foi referido, foi marcada por acontecimentos que mostraram a bravura do Rei, como quando invadiu Castela em defesa da sua filha e, especialmente, na Batalha do Salado em que, conjuntamente com Afonso XI de Castela, os Cristãos saem vitoriosos, acabando, assim, com a última tentativa de reconquista da Península Ibérica por parte dos Mouros.

O seu reinado foi, também, marcado pela elaboração de várias leis, como por exemplo, a proibição, sob pena de morte, da vindicta, que consistia no direito que os nobres tinham de fazer justiça pelas suas próprias mãos.

O século XIV foi marcado, um pouco por toda a Europa, pela peste negra. Em consequência disso, os camponeses começaram a abandonar os campos. Assim, D. Afonso IV publicou as leis sobre o trabalho e tabelamento dos salários:

"Fui informado que, em muitos concelhos, há homens e mulheres que, antes da peste, ganhavam dinheiro pelo seu trabalho (…) e que, agora, por terem recebido bens por morte de algumas pessoas, já não querem trabalhar no que antes faziam.
E que há também muitos outros que costumavam cavar, podar, lavrar, ceifar,
vindimar, guardar gado (…) e agora só trabalham se lhes pagarem quanto pedem. De modo que os donos das terras, não podendo pagar tão altos salários, deixam de cultivar as suas vinhas e herdades (…). Mando-vos, por isso, que obrigueis todos os que costumavam trabalhar nos campos a voltar aos seus serviços e que tabeleis os salários como parecer razoável.
(…) Se acharem alguns homens e mulheres que podem e não querem trabalhar e andam pedindo esmola (…), obrigai-os a trabalhar. E se o não quiserem fazer açoitem-nos e obriguem-nos a sair do concelho."


Circular de D. Afonso IV aos concelhos (1349), in Livro das Leis e Posturas Antigas (adaptado).


Foi também no reinado de D. Afonso IV que ocorreu o drama de Inês de Castro. Mas, isso, abordaremos em posts futuros….

Fontes:

Esteves, Julieta. Reis de Portugal – Afonso IV. Academia Portuguesa da História, Lisboa, 2009. pp. 5-7

Fernandes, Isabel. Reis e Rainhas de Portugal. Ed 3. Texto Editora, Lisboa, 2000. pp. 20, 21

Cantanhede, Francisco et al. Novo História 8. Vol I. Ed 1. Texto Editores, Lisboa, 2007. pp. 14, 15

1 comentário:

Unknown disse...

D. Afonso IV é mesmo o rei que eu menos gosto...
Continuem, até agora gostei imenso dos posts !